A simples menção ao amianto já é suficiente para causar certo desconforto, uma vez que essa fibra natural, utilizada na fabricação de telhas e caixas d’água, já foi banida em mais de 60 países por estar relacionada a doenças respiratórias graves. Por isso, neste artigo, vamos tratar dos riscos do amianto.
Índice
ToggleCenário da exposição ao amianto
A exposição ao amianto é a principal causa de mortes relacionadas com o trabalho no mundo. Aproximadamente 107 mil pessoas morrem de doenças relacionadas ao amianto em todo o mundo a cada ano, segundo dados da OMS.
Estima-se que 125 milhões de pessoas em todo o mundo continuam em risco de exposição ocupacional ao amianto.
De acordo com um estudo (2018) publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, o amianto causa cerca de 255.000 mortes anualmente, sendo que as exposições relacionadas com o trabalho são responsáveis por 233.000 mortes.
No Brasil, um levantamento de registros de óbitos de 1996 a 2017 aponta que 3.057 pessoas morreram devido a doenças relacionadas ao asbesto típicas (DRA-T). Ou seja, 145 por ano. O estudo foi realizado por pesquisadores da Fundacentro, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade de Brasília (UnB).
Os resultados foram publicados na revista Safety and Health at Work, no documento Analysis of Mortality from Asbestos-Related Diseases in Brazil Using Multiple Health Information Systems, 1996-2017.
Mas o que é o amianto?
O amianto é um mineral natural composto por fibras finas em forma de agulha. O termo amianto refere-se a uma categoria de seis minerais fibrosos diferentes.
Por ser resistente ao calor, eletricidade e corrosão, o amianto foi amplamente utilizado nas forças armadas, na construção e em outros segmentos.
Os seis tipos de amianto são:
-
Crocidolita
Conhecido como amianto azul, era comumente usado para isolar motores a vapor, sendo aplicado também em alguns revestimentos em spray, isolamento de tubos, plásticos e produtos de cimento.
-
Tremolita e Actinolita
Não são usados comercialmente, mas podem ser encontrados como contaminantes no amianto crisotila, na vermiculita e no talco.
-
Amosita
Conhecido como amianto marrom, era usado com mais frequência em placas de cimento e isolamento de tubos. Também pode ser encontrado em painéis isolantes, forros e produtos de isolamento térmico.
-
Antofilita
Foi utilizado em quantidades limitadas para produtos de isolamento e materiais de construção. Também ocorre como contaminante no amianto crisotila, vermiculita e talco.
-
Crisotila
Conhecido como amianto branco, é a forma de amianto mais comumente usada. Pode ser encontrado hoje em telhados, tetos, paredes e pisos. Também foi utilizado em lonas de freio de automóveis, juntas e vedações de caldeiras, e isolamento de tubos, dutos e eletrodomésticos.
Os seis principais tipos de amianto se enquadram em duas categorias: anfibólio e serpentina. Apenas a crisotila se enquadra na categoria serpentina. Os demais são anfibólios.
Leitura recomendada: Riscos do alumínio: como manter a segurança do trabalho e a saúde
Onde o amianto pode ser encontrado?
Embora a sua utilização tenha diminuído significativamente ao longo dos anos, o amianto ainda está presente em determinados ambientes, especialmente em edifícios e instalações mais antigas. Os locais de trabalho comuns onde o amianto pode ser encontrado incluem:
- Canteiros de obras – Materiais contendo amianto eram comumente usados na construção, incluindo isolamento, materiais para telhados, pisos e produtos de cimento.
- Construção e reparo naval – O amianto foi utilizado na indústria de construção naval para isolamento, proteção contra fogo e outras aplicações.
- Centrais Elétricas – Foi utilizado na construção de usinas elétricas para fins de isolamento e em equipamentos como caldeiras e tubulações.
- Oficinas de conserto automotivo – Veículos mais antigos podem conter materiais com amianto em pastilhas de freio, embreagens e juntas.
- Fábricas Têxteis – Historicamente utilizado na indústria têxtil para proteção contra fogo e isolamento.
- Mineração e moagem – As instalações de mineração e processamento de amianto, bem como as indústrias relacionadas, representam um alto risco de exposição ao amianto.
- Instalações de fabricação– Vários processos de fabricação envolveram o uso de amianto em produtos, como cimento, têxteis e materiais de fricção.
- Escolas e edifícios públicos – Muitos edifícios antigos podem conter amianto no isolamento, forros, pisos e outros materiais.
Quais são os riscos do amianto?
Vistas pelo microscópio eletrônico, as fibras de amianto parecem finas palhas de vidro, sendo que algumas não possuem mais do que um micrômetro de largura. Se inaladas, penetram nos alvéolos moles dos pulmões e nas membranas que revestem a cavidade torácica. E lá elas ficam.
Os riscos do amianto para a saúde incluem:
-
Asbestose
Esta é uma doença pulmonar crônica causada pela inalação de fibras de amianto. As fibras de amianto podem causar cicatrizes no tecido pulmonar (fibrose), ocasionando dificuldade para respirar e redução da função pulmonar.
-
Câncer de Pulmão
A exposição ao amianto aumenta o risco de desenvolver câncer de pulmão. O que normalmente acontece muitos anos após a exposição inicial. Este risco é particularmente elevado em indivíduos que fumam.
-
Mesotelioma
Esta é uma forma rara e agressiva de câncer que afeta o revestimento dos pulmões, tórax ou abdômen. O mesotelioma está fortemente associado à exposição ao amianto. O período de latência entre a exposição e o desenvolvimento do mesotelioma pode durar várias décadas.
-
Outros tipos de câncer
Além do câncer de pulmão e do mesotelioma, a exposição ao amianto tem sido associada a cânceres de laringe, esôfago, estômago, cólon e reto. Os riscos destes cânceres são geralmente mais elevados em indivíduos com exposição significativa e prolongada ao amianto.
As doenças relacionadas com o amianto têm frequentemente um longo período de latência e os sintomas podem não se tornar aparentes até muitos anos após a exposição. A prevenção da exposição ao amianto é crucial para reduzir o risco destes problemas de saúde.
Veja também: Riscos da bauxita: veja como minimizar os riscos para os trabalhadores na extração
Riscos do amianto para o meio ambiente
Os riscos do amianto para o meio ambiente surgem principalmente quando os materiais que contêm amianto não são geridos ou eliminados de forma adequada, levando à libertação de fibras de amianto no ar, no solo ou na água.
Devido à sua persistência, potencial para transporte de longa distância e aos riscos associados à saúde tanto para os seres humanos como para a vida selvagem, é fator de preocupação.
Aqui estão alguns riscos ambientais associados ao amianto:
-
Poluição do Ar
A via mais comum para a exposição ao amianto é por meio da inalação de fibras transportadas pelo ar. Se os materiais que contêm amianto se deteriorarem, forem mexidos ou manuseados de forma inadequada, as fibras microscópicas podem ficar suspensas no ar.
Uma vez no ar estas fibras podem ser transportadas por longas distâncias, levando riscos à saúde das comunidades próximas.
-
Contaminação do solo
O descarte inadequado ou a demolição de materiais que contêm amianto podem resultar na deposição de fibras de amianto no solo. Com o tempo, estas fibras podem acumular-se, representando potencialmente um risco para os organismos e plantas que vivem no solo.
O amianto no solo também pode contribuir para fibras transportadas pelo ar durante atividades como escavação ou construção.
-
Contaminação da Água
As fibras de amianto podem entrar em corpos d’água por vários meios, como escoamento de canteiros de obras onde materiais contendo amianto foram usados ou descartados de forma inadequada. Uma vez na água, as fibras de amianto podem depositar-se e acumular-se nos sedimentos, potencialmente impactando os ecossistemas aquáticos.
Para mitigar estes riscos ambientais, é essencial seguir procedimentos adequados de gestão e eliminação do amianto. Isso inclui o cumprimento dos regulamentos e a implementação de medidas para evitar a libertação de fibras de amianto no ambiente.
Proibição do uso do amianto
No Brasil, em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou válidas cinco leis estaduais e uma municipal que restringiam ou impediam a extração e o uso do amianto crisotila para produção de qualquer tipo de material.
No mesmo julgamento, foi declarada a inconstitucionalidade da lei federal que permitia a extração, a industrialização, a comercialização e a distribuição da fibra mineral no Brasil.
As decisões levaram em conta a natureza comprovadamente cancerígena do amianto e a impossibilidade de seu uso de forma efetivamente segura, além da existência de matérias-primas alternativas.
Resta ainda um posicionamento definitivo do STF em definir uma data de término para a produção na única mina de amianto crisotila (branco) remanescente no país.
Como a Chemical Risk pode ajudar em relação aos riscos do amianto
Para avaliar e identificar os riscos do amianto, nada melhor do que contar com uma consultoria especializada no assunto!
E, com a Chemical Risk, você terá profissionais altamente qualificados, mais de 10 anos de experiência de mercado, serviços de excelência, conhecimento completo das legislações e atendimento de qualidade para ajudar sua empresa.
Atuamos com diversos serviços de segurança química, segurança do trabalho, meio ambiente, assuntos regulatórios e treinamentos para os colaboradores.
Assim, podemos fazer uma gestão completa do risco químicos presente na sua mineradora, propondo melhorias e adequações, a fim de evitar acidentes e doenças, garantir o compliance com as normas e reduzir os riscos de multas em fiscalizações.
Quer saber mais detalhes? Entre em contato agora mesmo com nossos especialistas e solicite um orçamento gratuito!