Metal comumente usado na indústria, o cromo oferece riscos aos trabalhadores. Por isso, é preciso compreender a toxicologia do cromo para minimizar a exposição dos colaboradores, evitar acidentes com o composto e cumprir as legislações reguladoras.
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Índice
ToggleHistórico do cromo
– Descoberta
O cromo foi descoberto, em 1797, por Louis Vauquelin no mineral crocoíta (PbCrO4), na França. Primeiramente, ele identificou o óxido de cromo na análise do “chumbo vermelho” siberiano, também conhecido como crocoíta, após verificar que o mineral continha bastante chumbo, mas também outro material.
No ano seguinte, Vauquelin preparou o próprio cromo ao pulverizar o mineral e precipitar o chumbo através de sua reação com ácido clorídrico (HCl na água). O resíduo foi o óxido de cromo, CrO3. O aquecimento deste óxido em um forno na presença de carvão vegetal como agente redutor deu o próprio metal.
– Origem
O nome cromo tem origem na palavra grega “chroma”, que significa cor. O elemento foi chamado assim por causa da variedade de coloração encontrada nos compostos de cromo.
– Principal fonte
Por volta de 1800, o químico alemão Tassaert trabalhando em Paris encontrou cromo em um novo minério, chamado cromita. Este minério, Fe(CrO2)2, se tornou uma importante fonte de cromo.
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Formas de identificação do cromo
- Nome químico: Cromo
- Forma molecular: Cr
- Massa atômica: 51,9961
- Número CAS: 7440-47-3
Aspecto e forma
O cromo é um elemento químico metálico, de coloração cinza. É muito resistente à corrosão e se funde a 1.900 ºC. O cromo é o quinto metal mais abundante na crosta terrestre.
Maiores produtores mundiais: África do Sul, Cazaquistão, Índia
Reservas brasileiras: Bahia, Amapá, Minas Gerais.
Formas mais comuns de cromo:
CrO, Cr+2, Cr+3, Cr+6
CrO3 (óxido de cromo VI)
Cr2O3 (óxido de cromo III)
Na2CrO4 (cromato de sódio)
Principais aplicações do cromo
Antes de entrar especificamente na toxicologia do cromo, vamos ver como o elemento é utilizado. Ele está presente principalmente na indústria metalúrgica, que absorve 80% da produção mundial, seguido pelas indústrias química (8%) e de refratários (11%).
Outros usos do cromo são:
- Ligas metálicas ferrosas (aço inox) e não ferrosas e estruturas de construção civil;
- Cromações (galvanoplastias);
- Fabricação de produtos utilizados em curtumes (pigmentos);
- Conservantes para madeira (cromato de sódio);
- Sínteses orgânicas;
- Fertilizantes.
Vale destacar que o cromo revolucionou o aço inoxidável. Ele é o principal aditivo do aço inox, agregando propriedades anticorrosivas. Além disso, o elemento é valorizado por ser um metal capaz de ser altamente polido e, ao mesmo tempo, resistir a manchas.
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Toxicologia do cromo: toxicocinética no nosso organismo
O cromo no ar ambiente se origina principalmente de fontes industriais, particularmente da produção de ferrocromo, refino de minério e processamento químico.
O elemento hexavalente é um agente cancerígeno em humanos e produz uma variedade de efeitos tóxicos. Confira a toxicologia do cromo e os efeitos!
Vias de absorção
Principais vias de exposição: inalação, exposição dérmica e menos frequente a via oral.
Quando inalados, os compostos de cromo são absorvidos pelo pulmão por transferência através das membranas celulares dos alvéolos. Neste sentido, alguns fatores são importantes, como tamanho da partícula, solubilidade, número de oxidação do cromo e a atividade dos macrófagos alveolares. Os compostos de Cr(VI) atravessam mais facilmente as membranas celulares.
A absorção dérmica, por sua vez, pode ocorrer, mas dependerá da forma química, do veículo e da integridade da pele. Por exemplo, o cromato de potássio (concentrado) poderá provocar queimaduras químicas na pele e facilitará a absorção do composto.
Distribuição
Quando chega ao sangue, o cromo hexavalente é absorvido e se liga aos eritrócitos, enquanto o cromo trivalente liga-se a proteínas séricas (transferrina).
Os compostos de cromo são distribuídos para todos os órgãos do corpo e se concentram em altos níveis no fígado, baço e rim. As partículas inaladas de cromo podem ficar retidas no pulmão durante anos.
Acredita-se que a toxicidade do cromo hexavalente é devido aos danos celulares que o ele provoca durante o seu processo bioquímico, incluindo a formação de radicais livres e a formação de adutos no DNA.
Eliminação
O cromo absorvido é eliminado principalmente pela urina. A meia-vida do cromato de potássio e de aproximadamente 40 horas.
Toxicidade do cromo: aguda e crônica
O cromo hexavalente é mais tóxico que o trivalente em torno de 100 a 1000 vezes.
Aguda
O cromo hexavalente é corrosivo e pode causar ulceração crônica e perfuração do septo nasal, bem como ulceração crônica de outras superfícies da pele.
Além disso, pode provocar dermatite alérgica de contato entre indivíduos previamente sensibilizados, que é uma reação alérgica do tipo IV induzindo eritema cutâneo, prurido, edema, pápula e cicatrizes.
Vale lembrar que a exposição ocupacional ao cromo pode provocar o desenvolvimento de asma. Já a ingestão acidental de altas doses de compostos de cromo hexavalente pode provocar insuficiência renal aguda caracterizada por proteinúria, hematúria e anúria, danos nos rins.
Crônica
- Câncer pulmonar
- Ulceração e perfuração de septo nasal
- Irritação do trato respiratório (tosse, bronquite, asma)
- Possíveis efeitos cardiovasculares, gastrintestinais, hematológicos, hepáticos e renais
Devido à toxicologia do cromo, o elemento hexavalente e seus compostos são classificados como Grupo 1 pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer) – Carcinogênico para humanos (câncer pulmonar).
Por outro lado, o cromo metálico é classificado como Grupo 3 – Não carcinogênico para humanos.
Toxicologia do cromo e controle biológico ocupacional
- Controle do cromo hexavalente pela NR-7:
Biomarcador de exposição: cromo urinário IBMP = 30,0 μg/g de creatinina
- Controle de cromo pela ACGIH (Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais):
Processamento de minério de cromita (cromato), como Cr: TWA 0,05 mg/m³ (A1)
Cromo e compostos de cromo inorgânico:
Compostos de cromo metálico e Cr III: TWA 0,5 mg/m³ (A4)
Solúveis em água Cr VI: TWA 0,05 mg/m³ (A1 – BEI)
Insolúveis de Cr VI: TWA 0,01 mg/m³ (A1)
A1: Carcinogênico para humanos confirmado.
A4: Não classificado como carcinogênico para humanos.
BEI:
Cromo (VI) solúvel em água:
Total na urina (final do turno no final da semana de trabalho): 25 μg/L
Total na urina (durante turno): 10 μg/L.
Leia também: Como conhecer os riscos químicos: perigos físicos e à saúde humana
Como lidar com a toxicologia do cromo na sua empresa?
Se a sua empresa tem o cromo na produção, transporte ou armazenamento, deve estar se perguntando como fazer para proteger os funcionários dos riscos oferecidos pelo elemento. A resposta é contar com o auxílio de uma consultoria especializada em segurança química.
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