Para a adoção de medidas de prevenção à saúde e segurança do trabalhador, é necessário um reconhecimento de riscos detalhado. Assim, o maior desafio está relacionado aos perigos dos agentes químicos, como a carcinogenicidade. Por isso, precisamos abordar a nova lista de agentes cancerígenos.
No reconhecimento de riscos do câncer relacionado ao trabalho e ao ambiente de exposição, é necessária a análise de três eixos fundamentais: a vigilância da doença, da exposição e dos trabalhadores expostos.
Para esse acompanhamento ser realizado de modo efetivo, é fundamental conhecer quais os agentes químicos, físicos e biológicos que apresentam potencial cancerígeno, onde estão presentes, quais os grupos de trabalhadores mais expostos e quais os tipos de câncer associados a estes.
Com isso, é possível saber como prevenir essas exposições a agentes cancerígenos e as doenças associadas.
Leitura recomendada: Como conhecer os riscos químicos: perigos físicos e à saúde humana
Índice
ToggleO que é o câncer?
Embora existam muitos tipos de câncer, todos começam devido ao crescimento e multiplicação anormal e descontrolada das células.
O câncer se inicia quando as células de algum órgão ou tecido do corpo começam a crescer fora de controle. Esse crescimento é diferente do crescimento celular normal. Em vez de morrer, as células cancerosas continuam crescendo e formando novas células anômalas.
As células cancerosas também podem invadir outros tecidos, algo que as células normais não fazem. O crescimento fora de controle e a invasão de outros tecidos é o que transforma uma célula em cancerosa.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a cada ano, no mundo, acontecem 666 mil mortes devido a cânceres associados ao trabalho. Na prática, esse número representa o dobro das mortes relacionadas aos acidentes de trabalho.
O diagnóstico e a mortalidade por câncer associado ao trabalho tem aumentado em razão do crescimento da expectativa de vida e da redução gradual de outras causas de morte, como as doenças transmissíveis e acidentes em geral.
Principais tipos de câncer relacionados ao trabalho
Com o objetivo de contribuir com informações sobre agentes cancerígenos químicos, físicos e biológicos presentes nos diversos ambientes, incluindo o ambiente de trabalho, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) elaborou a publicação intitulada “Ambiente, trabalho e câncer: aspectos epidemiológicos, toxicológicos e regulatórios”, em 2021.
Segundo a publicação, 38 partes do corpo podem desenvolver o câncer e esse número é o dobro do número apontado na última publicação de 2012.
Entre as áreas mapeadas, podemos citar o câncer de pulmão devido à exposição, por exemplo, ao amianto, câncer de ovário, fígado, faringe e glândulas salivares.
Por isso, o reconhecimento do risco bem executado e as ações de orientação aos trabalhadores são meios importantes de prevenção e cuidado. E, mais ainda, a substituição desses produtos por outros que ofereçam menor perigo se configura a ação ideal e mais efetiva de proteção.
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Conheça a lista atualizada de agentes cancerígenos
Com a nova publicação do Inca, os produtos considerados agentes cancerígenos e que devem ser conhecidos por todos os gestores da área de segurança e saúde ocupacional são:
- Gases de poluição do ar, como Dióxido de enxofre, Monóxido de carbono, Óxidos de nitrogênio, HPA, Mercúrio, Chumbo, entre outros.
- Gases de escapamento de motores a diesel.
- Benzo(a) Pireno – Contemplando uma introdução aos Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) e a classificação IARC (Agência Internacional para Pesquisa em Câncer) dos 16 HPAs prioritários.
- Benzeno.
- Tricloroetileno.
- Formaldeído.
- Poeira de sílica.
- Asbesto.
- Poeira de couro.
- Poeira de madeira.
- Fármacos antineoplásicos.
- Metais.
- Agrotóxicos.
- Transgênicos.
- Nanopartículas.
A publicação também inclui a evidência de carcinogenicidade de agentes químicos relacionados à ocupação, o que auxilia o levantamento preliminar para o reconhecimento do risco.
Outra informação útil diz respeito à localização do câncer e seus agentes cancerígenos em humanos. Por exemplo, no câncer de faringe, o agente pode ser asbesto, fumaça de tabaco e processo de impressão. Ou ainda o câncer na cavidade nasal e seios paranasais pode ser provocado por formaldeído, composto de cromo (IV), atividades em carpintaria, marcenaria ou ainda na produção de tecidos.
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Agentes cancerígenos e fatores ocupacionais
A maior parte dos casos de câncer diagnosticados em todo o mundo apresenta uma relação direta com fatores de riscos ambientais e isso inclui o ambiente ocupacional. Assim, fica claro que o câncer não é causado apenas por questões genéticas ou hereditárias.
Os fatores ocupacionais atribuídos ao câncer variam de 5% a 8%. Porém, determinados tipos de câncer podem ter uma relação bem maior, como é o caso do câncer de pulmão, que varia de 20% a 21%.
Vale destacar que esse quadro poderia ser alterado, caso não existisse no ambiente ocupacional a exposição a um grande número de produtos químicos que contribuem para o aparecimento desse tipo de câncer, como amianto, sílica, metais etc.
Para 2021, o Inca estima que, no Brasil, aparecerão 625 mil novos casos de câncer. A maior fração observada para as exposições ocupacionais e câncer relacionado ao trabalho diz respeito ao câncer de pulmão.
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Como prevenir os casos de câncer relacionados ao trabalho
Sabe-se que, frequentemente, a grande maioria das exposições em ambientes de trabalho a esses agentes cancerígenos pode ser modificada ou eliminada. A medida mais efetiva é a substituição desses agentes químicos por outros que apresentem menor perigo.
Quando isso não é possível, algumas medidas são eficazes para prevenção do desenvolvimento da doença entre trabalhadores, como:
- Instalação de filtros industriais para impedir a liberação de substâncias cancerígenas resultantes de processos industriais;
- Implementação de sistemas de circulação de ar que evitem a contaminação entre ambientes;
- Restrição ao uso dos agentes cancerígenos, com adoção de níveis mínimos de exposição.
Por fim, a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) é de fundamental importância para evitar o contato dos agentes cancerígenos com o organismo do trabalhador. Entre estes equipamentos, estão: respiradores, luvas, proteção do corpo, óculos, entre outros.
Outro fator de proteção dos trabalhadores diz respeito à atuação dos serviços de medicina do trabalho, com a realização de exames periódicos em todos os trabalhadores. Dessa forma, esse conjunto de fatores aliado à toda gestão de saúde e segurança do trabalho permite promover a proteção à saúde e à segurança requerida para risco tão significativo.
Conte com ajuda especializada para avaliação dos riscos químicos
Como vimos, para saber como lidar com os agentes cancerígenos e a exposição dos colaboradores no ambiente de trabalho, antes de mais nada, é preciso identificar os riscos dos produtos químicos usados.
Neste sentido, uma ótima opção é contar com uma consultoria especializada em gestão segura de produtos químicos, como a Chemical Risk.
Fornecemos uma ampla gama de serviços de segurança química e saúde e segurança ocupacional para fazer toda a avaliação necessária, verificar as medidas de controle adotadas e propor ações de prevenção efetivas.
Tudo para minimizar a exposição dos colaboradores aos riscos, incluindo os riscos presentes nos agentes cancerígenos, reduzindo assim ao máximo a propensão dos funcionários de desenvolverem doenças relacionadas ao trabalho, como o câncer.
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O n-Butanol é cancerigino?
Prezado Manoel,
Nas pesquisas efetuadas, não foram encontrados estudos que confirmem o potencial carcinogênico do n-Butanol.
Att,
Querosene para aplicação em peças com pincel é considerado uma atividade cancerígena e e deve ser enquadrada com atividade especial (aposentadoria especial)?
Prezado Manoel,
O enquadramento para aposentadoria especial em relação ao querosene dependerá de critérios específicos estabelecidos pelo decreto 3048 anexo IV. O Querosene consta no anexo IV do decreto 3048/99 e na NR 15 em seu anexo 13. Para ser considerada a possibilidade da condição especial os seguintes requisitos devem ser constatados na análise do local de trabalho:
1) Quando o trabalhador estiver exposto ao agente de maneira permanente;
2) Quando não houver eficácia comprovada do EPC, EPI ou processo hermetizado.
Portanto, para que o querosene seja considerado como fator de enquadramento para a aposentadoria especial, será necessário comprovar que a atividade laboral envolve exposição a esse combustível, de forma permanente e sem o uso de equipamentos de proteção individual ou coletiva, ou uso sem eficácia para a prevenção do trabalhador.
Att,
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