Quando falamos de emergência química, imaginamos acidentes e desastres já ocorridos com produtos químicos e radioativos. E isso está correto. Afinal, foram diversos acidentes com produtos químicos e radioativos que serviram de lição para chegarmos às regulamentações e orientações para o atendimento à emergência química.
Para relembrar, segue um quadro com os principais acidentes envolvendo produtos químicos e radioativos ocorrido nas últimas décadas. Inclusive, para explicar como ocorreu cada um desses acidentes, iniciamos ontem uma nova série de podcasts. Acompanhe aqui!
Neste contexto de gestão do risco químico e atendimento às emergências químicas, é importante definir alguns conceitos. Então, vamos lá:
Emergência química
Desastre
Atendimento à emergência química
Perigo
Risco
Gestão do risco químico
Plano de Atendimento de Emergências
Identificação e avaliação dos riscos
Planejamento de um sistema para atendimento à emergência química
Como fazer a gestão segura dos produtos químicos?
Índice
ToggleEmergência Química
Trata-se de uma situação adversa, envolvendo produtos químicos que pode, de alguma forma, representar um perigo a:
- Saúde e segurança da população;
- Meio ambiente;
- Patrimônio público e privado.
Assim, requer recursos apropriados e intervenção imediata para fazer a correta gestão do risco químico.
Desastre
Este é uma séria interrupção do funcionamento de uma comunidade ou sociedade que causa perdas humanas e/ou importantes perdas materiais, econômicas ou ambientais. Tais situações excedem a capacidade da comunidade ou sociedade afetada de lidar com a situação utilizando seus próprios recursos.
Um desastre é uma função do processo de risco. Resulta da combinação de ameaças, condições de vulnerabilidade e insuficiente capacidade ou medidas para reduzir as consequências negativas e potenciais do risco (OPAS).
Quando os acidentes e desastres envolvem os produtos químicos, estamos falando de acidentes e desastres químicos. A intervenção, nesse processo; se refere ao atendimento à emergência química.
Logo, o grande objetivo de indústrias e outras empresas que manuseiam produtos químicos é a prevenção dos acidentes envolvendo esses agentes. Até porque, como o ditado diz, prevenir é o melhor remédio. E isso se aplica muito nesse cenário.
Atendimento à emergência química
As emergências químicas podem ser classificadas como:
Portanto, o atendimento à emergência química ocorre devido a algum acidente envolvendo produtos químicos perigosos. Esses produtos químicos apresentam propriedades físicas e químicas específicas que podem provocar efeitos nocivos à saúde humana ou ao meio ambiente e riscos às instalações, como incêndios e explosões.
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Perigo
Este conceito se aplica à capacidade intrínseca de alguns produtos químicos de provocar efeitos adversos, nocivos, tóxicos para a saúde humana e/ou para o meio ambiente.
Neste cenário, um produto perigoso é uma substância que provoca efeito adverso, como por exemplo:
- Etanol que apresenta como perigo a inflamabilidade;
- Benzeno que provoca o desenvolvimento de câncer meroblástico, dentre outros.
Assim, é importante conhecer os perigos dos produtos químicos para definir qual o risco que determinada atividade, empresa, setor e outros podem apresentar.
Risco
Esta é a probabilidade de um efeito adverso ocorrer e está diretamente ligado à exposição a um produto perigoso.
Para conhecer os perigos dos produtos químicos, temos que conhecer os principais sistemas de classificação de perigo dos produtos químicos. Confira:
1. GHS
O Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Comunicação de Perigo de Produtos Químicos (GHS) apresenta 28 classes de perigo. Dentre eles, destaca-se perigo à saúde humana, ao meio ambiente e aos perigos físicos.
- Toxicidade aguda
- Corrosão e irritação da pele
- Lesões oculares graves/irritação ocular
- Sensibilização respiratória ou da pele
- Mutagenicidade em células germinativas
- Carcinogenicidade
- Toxicidade à reprodução e lactação
- Toxicidade para órgãos-alvo específicos — Exposição única
- Toxicidade para órgãos-alvo específicos — Exposições repetidas
- Perigo por aspiração
- Toxicidade aguda para o ambiente aquático
- Toxicidade crônica para o ambiente aquático
- Substâncias, misturas e artigos explosivos
- Gases inflamáveis
- Aerossóis inflamáveis
- Gases oxidantes
- Gases sob pressão
- Líquidos inflamáveis
- Sólidos inflamáveis
- Substâncias e misturas auto-reativas – sujeitas a combustão espontânea
- Líquidos pirofóricos
- Sólidos pirofóricos
- Substâncias e misturas que apresentam auto-aquecimento
- Substâncias e misturas que, em contato com a água, desprendem gases inflamáveis
- Líquidos oxidantes
- Sólidos oxidantes
- Peróxidos orgânicos
- Corrosivo para metais
A informação deste sistema de classificação de perigo está descrita na FISPQ dos produtos químicos. A FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos) é um documento obrigatório e está estabelecido por meio da NR-26 do Ministério da Economia e pela ABNT NBR-14725 – Parte 4.
Saiba mais:
Gás lacrimogêneo: conheça a toxicologia do gás e os efeitos
Toxicologia dos gases irritantes: riscos de exposição e efeitos prejudiciais à saúde
Gases asfixiantes: os perigos à saúde humana
2. ONU
A Organização das Nações Unidas determina nove categorias de classificação para o transporte de Produtos Perigosos. Veja:
- Classe 1 — Explosivos;
- Classe 2 — Gases, que podem ser inflamáveis, não-inflamáveis ou tóxicos;
- Classe 3 — Líquidos inflamáveis;
- Classe 4 — Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas a combustão espontânea e que, em contato com água, emitem gases inflamáveis;
- Classe 5 — Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos;
- Classe 6 — Substâncias tóxicas e substâncias infectantes;
- Classe 7 — Material radioativo;
- Classe 8 — Substâncias corrosivas;
- Classe 9 — Substâncias e artigos perigosos diversos.
As emergências químicas podem ocorrer devido ao vazamento de produtos químicos ou da presença de resíduos químicos. Tanto durante o processo de produção, como no manuseio, armazenamento ou transporte.
A depender das características dos produtos químicos e da extensão, o acidente poderá provocar graves danos à sociedade, como:
- Perda de vidas humanas;
- Impactos e contaminação ambiental;
- Dano à saúde das vítimas e comunidade do entorno;
- Prejuízos econômicos;
- Danos psicológicos à população;
- E impacto à imagem da empresa e do governo.
Gestão do risco químico
As empresas que utilizam e produzem produtos químicos perigosos devem ter uma adequada gestão dos riscos químicos, com:
- Sinalização adequada dos perigos dos produtos químicos;
- Treinamento dos funcionários para a compreensão das simbologias utilizadas para comunicar os perigos dos químicos;
- Compreensão dos riscos envolvidos nas atividades dos químicos;
- Conhecimento dos documentos de segurança (FISPQ, rótulo);
- Avaliação dos riscos dos processos;
- Atuação da segurança do trabalho para os processos e atividades que envolvem os químicos;
- Destinação adequada dos resíduos químicos.
A depender do porte da empresa, deverá ser estabelecida uma equipe para atendimento à emergência química. Também será de grande importância estabelecer:
- Procedimentos para a intervenção;
- Equipamentos para atendimento à emergência química;
- Equipamentos de proteção individual (EPIs);
- Treinamento adequado;
- Realização de simulados;
- Estabelecimento das ações para mitigação e remediação da emergência;
- Preparação para a resposta;
- Comunicação dos envolvidos, como por exemplo: órgãos ambientais, polícia, bombeiros, pessoas da comunidade entorno, defesa civil, responsáveis pela empresas e outros.
Plano de Atendimento de Emergências
As empresas também devem apresentar o Plano de Atendimento de Emergências (PAE), estabelecido pelo Decreto Estadual 56.819, Instrução Técnica 16 e NBR 15219. O objetivo do plano é:
- Estabelecer os requisitos mínimos na elaboração, manutenção e revisão de um plano de emergência contra incêndio;
- Organizar os procedimentos de resposta para cada um dos cenários, indicando as ações e os recursos disponíveis para eliminar, neutralizar e reduzir os efeitos adversos de uma ocorrência de emergência química.
- Minimizar os impactos às pessoas, ao meio ambiente, ao patrimônio e à imagem da empresa.
- Criar uma estrutura organizacional de respostas utilizando o conceito do Sistema de Comando de Incidentes (ICS – Incident Command System), com as funções básicas de comando, logística, planejamento e administração/finanças.
- Criar uma cultura de reconhecimento das emergências e da implantação do atendimento à emergência química.
Para o processo de atendimento à emergência química, há um protocolo para identificação, avaliação e prevenção das emergências químicas. Assim como, existem regras para implementar as medidas de ação rápidas e eficientes para mitigação do acidente.
Identificação e avaliação dos riscos
Inicialmente, é preciso realizar a identificação e a avaliação dos riscos do local. Isso serve para mitigar os riscos, melhorar o gerenciamento e facilitar o planejamento para a intervenção nas emergências.
Para as emergências químicas, deve-se realizar os seguintes passos:
- Levantamento estatístico de emergências químicas ocorridas na região em estudo.
- Levantamento das atividades que empregam produtos químicos.
- Indústria;
- Comércio;
- Terminais;
- Sistemas de transportes: rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo, fluvial e por dutos.
- Caracterização dos produtos químicos e quantidades utilizadas.
- Identificação dos riscos e das possíveis consequências causadas por eventuais emergências envolvendo as atividades e produtos identificados.
- Implantação de medidas para a redução dos acidentes e gerenciamento de riscos.
Esse processo resultará em dados importantes para a prevenção, redução e gerenciamento dos riscos. Além disso, auxiliará no planejamento de um sistema adequado para atendimento à emergência química.
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Planejamento de um sistema para atendimento à emergência química
Após a identificação e a avaliação dos riscos, a empresa deve mapear e planejar o sistema de atendimento. O processo deve ser desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, contando com especialistas nas áreas conforme os sistemas de emergências da região.
- Corpo de Bombeiros;
- Polícia;
- Órgão ambiental;
- Defesa civil;
- Assistência médica;
- Outros.
Assim, durante a elaboração desse sistema de emergência, deverá ser mapeado as particularidades da região e dos órgãos envolvidos. E, em caso necessário, é preciso propor adaptações para atender ao plano.
O sistema para atendimento à emergência química deve contemplar ainda os seguintes aspectos:
- Recursos humanos;
- Sistema de comunicação;
- Rotinas operacionais;
- Treinamentos;
- Manutenção do sistema.
Como fazer a gestão segura dos produtos químicos?
Para fazer o gerenciamento dos riscos químicos e desenvolver planos de atendimento à emergência química, conte com uma consultoria com experiência e conhecimento comprovados para auxiliar a sua empresa.
A Chemical Risk possui soluções personalizadas na área de gestão química. Assim, ajudamos a sua organização a minimizar o riscos, evitar acidentes, estar de acordo com as normas regulamentadoras e ainda estar preparada para emergências.
Confira os principais serviços de gestão química e atendimento à emergência química:
- Mapeamento para gestão do risco químico;
- Matriz de incompatibilidade;
- FISPQ, ficha de emergência e mais;
- Implementação do GHS e auditoria da NR-26;
- Avaliação do risco químico;
- Parecer de determinação de produto químico;
- Inventário de produto químico;
- Assessoria para aquisição de equipamentos para emergência química e combate a incêndio;
- Curso de atendimento a emergências químicas;
- Elaboração do plano de atendimento a emergências;
- Renovação do auto de vistoria do Corpo dos Bombeiros.
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