Vários são os riscos ocupacionais a que os colaboradores estão expostos durante a execução de suas atividades profissionais, tais como riscos de acidentes, ergonômicos e, dentre eles, o risco químico, presente nos mais variados segmentos industriais, tais como, automobilístico, químico e petroquímico, alimentício etc. E uma das consequências do risco químico é a intoxicação ocupacional.
Se pensarmos que o produto químico está presente em quase tudo o que nos rodeia, então, teremos ideia do que representa o risco químico nas indústrias atualmente.
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ToggleO que é o risco químico?
O risco químico é a probabilidade de um colaborador sofrer algum dano à saúde devido à exposição ou manipulação de um produto químico. A exposição aos riscos químicos pode provocar sérios danos, como a intoxicação ocupacional.
Nesse sentido, para garantir a proteção do colaborador, é necessário conhecimento e informação. É imprescindível que o ambiente seja avaliado e que medidas preventivas sejam adotadas para minimizar esses riscos e preservar a saúde dos colaboradores.
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O que é intoxicação ocupacional?
A intoxicação ocupacional é o envenenamento provocado pela exposição a substâncias químicas estranhas ao organismo e pode ser definida como o conjunto de sinais e sintomas decorrentes dessa exposição em quantidade suficiente para prejudicar o organismo.
Há três vias de intoxicação com produtos químicos:
Inalação
A inalação é a principal forma de exposição aos agentes químicos e, por consequência, de intoxicação. Os produtos químicos normalmente se dispersam no ambiente de trabalho por evaporação ou por serem voláteis, facilitando a intoxicação por essa via.
Como nem todo vapor ou gás apresenta odor, isso muitas vezes faz com que a exposição seja prolongada sem que o colaborador perceba e acaba se intoxicando. Também podem ocorrer irritações nas mucosas do nariz e garganta que podem levar a sérias irritações nos pulmões.
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Absorção cutânea
Já, na absorção cutânea, a intoxicação pode ocorrer no contato com materiais corrosivos, por exemplo, provocando irritação ou lesões graves na pele. Além disso, alguns produtos podem atravessar a barreira da epiderme e acessar a corrente sanguínea, causando intoxicações severas.
Ingestão
Já na terceira via de intoxicação, a ingestão é menos comum. Acaba ocorrendo por acidente, quando o colaborador involuntariamente, por exemplo, fuma ou se alimenta com as mãos contaminadas, ou quando o próprio ambiente está contaminado e o leva à intoxicação por essa via.
Efeitos da intoxicação ocupacional
Os agentes químicos, ao penetrarem no organismo, podem provocar uma série de efeitos tóxicos, incluindo efeitos imediatos ou agudos e os efeitos a longo prazo ou crônicos, dependendo da natureza do produto químico e da via de exposição. As partes do corpo mais afetadas são os pulmões, a pele, o sistema nervoso (cérebro e nervos), a medula óssea, o fígado e os rins.
De forma resumida, esses efeitos são classificados da seguinte forma:
- Irritantes e/ou corrosivos: provocam alterações na pele ou mucosas;
- Sensibilizantes: produzem alergias;
- Asfixiantes: impedem o organismo de obter ou utilizar o oxigênio do ar atmosférico;
- Narcóticos: produzem inconsciência;
- Neurotóxicos: produzem alterações no sistema nervoso.
- Carcinogênicos: produzem tumores malignos;
- Mutagênicos: produzem problemas hereditários;
- Teratogênicos: produzem malformações no feto (substâncias radioativas).
Agentes mais comuns com potencial para causar intoxicações
Como dissemos, os agentes químicos capazes de causar intoxicação em função de sua exposição são inúmeros e, abaixo, destacamos alguns, por sua importância.
Solventes
Os solventes são substâncias ou compostos químicos capazes de dissolver outro material de utilização industrial. Geralmente, evaporam facilmente, são muitos inflamáveis e produzem importantes efeitos tóxicos.
São utilizados como veículos para aplicar determinados produtos, tais como pintura, vernizes, lacas, tintas e adesivos, assim como também em processos de eliminação, tais como desengraxantes e agentes de extração.
Os solventes mais comuns são o benzeno, tolueno, estireno, xileno, hexano, pentano, clorofórmio, tetracloreto de carbono, álcoois, cetonas, glicóis e éteres.
Grande parte dos processos industriais utilizam solventes em algum momento. Os efeitos dos solventes atingem principalmente o sistema nervoso, o sistema formador de sangue (hematopoiético), o fígado e os rins.
Benzeno
Não podemos deixar de citar este solvente, em função de sua ação sobre o organismo. O benzeno é um hidrocarboneto cíclico aromático, líquido, incolor, volátil, com odor agradável de ameixa e altamente inflamável.
É utilizado nas indústrias químicas como matéria-prima para fabricação de plástico e outros compostos orgânicos, e nas indústrias da borracha e de tintas e vernizes como solvente.
As intoxicações agudas caracterizam-se principalmente pelos seus efeitos narcóticos.
A exposição prolongada ao benzeno provoca diversos efeitos no organismo humano, destacando-se entre eles a mielotoxicidade (leucopenia, anemia), a genotoxicidade (alterações hereditárias) e a sua ação carcinogênica (leucemias, linfomas).
São conhecidos, ainda, efeitos sobre diversos órgãos como o sistema nervoso central, e os sistemas endócrino e imunológico. Pode ocorrer, também, toxicidade para o fígado e para os rins, mas os efeitos sobre o sistema sanguíneo são os mais importantes.
Metais pesados
A intoxicação ocupacional por metais é um assunto que merece atenção especial, porque os danos à saúde podem ser irreversíveis. Destacamos aqui os seguintes metais:
- Chumbo – O chumbo pode causar dor nas articulações e músculos, aumento da pressão arterial, dor abdominal constante, dificuldades de memória e concentração, e anemia sem causa aparente. Casos mais graves podem levar a danos nos rins e cérebro.
- Arsênio – Pode provocar náuseas, vômitos e diarreia severa, dor de cabeça e tonturas, alteração do ritmo cardíaco e formigamento constante nas mãos e pés.
- Mercúrio – Pode causar náuseas e vômitos, diarreia constante, sensação frequente de ansiedade, tremores e aumento da pressão arterial. De forma crônica, a intoxicação também pode causar problemas nos rins e cérebro, assim como, alterações na visão, audição e problemas de memória.
- Cromo – A exposição a esse metal pode desencadear sintomas como irritação no nariz, dificuldade para respirar, asma e tosse constante. No longo prazo, podem surgir lesões permanentes no fígado, rins, sistema circulatório e pele.
Leia também: Entenda os tipos de limites de exposição ocupacional
Como evitar a intoxicação ocupacional
Inicialmente, é necessário ter conhecimento de todos os produtos químicos utilizados na empresa e seu emprego nos processos existentes.
É necessário também conhecer a toxicidade de todos esses produtos e a forma como os colaboradores estão expostos.
Algumas medidas de proteção coletiva que podem ser adotadas são:
- A eliminação dos produtos químicos nocivos ou a substituição na forma como são utilizados;
- O enclausuramento parcial do processo, ou a automatização das etapas que geram a exposição ao produto químico;
- Isolamento das áreas de riscos;
- Adoção de ventilação localizada ou geral ou exaustão localizada ou geral;
- Medidas de higiene pessoal e coletiva (lava-olhos, lavatórios, chuveiros, vestiários, sanitários);
- Medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho (alterações do processo produtivo, introdução de pausas e rodízios, redução da jornada de trabalho, mudanças do layout, entre outros);
- Treinamentos sobre manuseio de produtos químicos e sobre a toxicidade dos produtos manuseados. Os colaboradores devem conhecer todos os riscos a que estão submetidos. Quando isso ocorre, eles criam consciência da importância da prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, já que agora entendem quão danosos esses riscos podem ser.
- Promova palestras a fim de informar seus colaboradores sobre isso e não deixe de indicar, em seu ambiente de trabalho, os tipos de situações a que todos estão submetidos.
Em relação às medidas de proteção individual, podemos destacar:
- Quando comprovado pelo empregador a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes, deverão ser utilizados os EPIs – Equipamentos de Proteção Individual, tais como proteção respiratória, luvas, mangas, aventais, roupas especiais, botas, pomadas protetoras, entre outros.
- Em relação à proteção respiratória deve ser implantado o Programa de Proteção Respiratória – PPR.
Controle médico
Para todos os colaboradores que estão expostos a agentes químicos, devem ser realizados os exames médicos ocupacionais conforme previstos na Norma Regulamentadora nº 7 da Portaria 3214/78, cuja última modificação ocorreu em 09/03/2020 com vigência a partir de 03/01/2022.
Fica claro que, para evitarmos a intoxicação ocupacional, é imprescindível que sempre que forem identificados riscos potenciais à saúde deverão ser adotadas as medidas necessárias e suficientes para a eliminação, a minimização ou o controle dos riscos químicos. Assim, é possível afastar a ocorrência das intoxicações ocupacionais e preservar a integridade dos colaboradores.
Como uma consultoria especializada pode ajudar a evitar a intoxicação ocupacional?
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