O inventário de riscos e a matriz de risco são ferramentas que fazem parte da estratégia da gestão de riscos. Porém, possuem finalidades diferentes.
A partir da publicação da Norma Regulamentadora 1 (NR1) – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, o inventário de riscos e a matriz de risco entram na vida dos prevencionistas de forma definitiva.
Isso porque, para a elaboração do Programa de Riscos Ocupacionais, são exigidos o Inventário de Riscos e a utilização da Matriz de Risco.
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Índice
ToggleO Inventário de Riscos e a NR1
A Norma Regulamentadora 1 (NR1) tem como principal objetivo estabelecer as diretrizes e a identificação dos requisitos necessários para o gerenciamento de riscos operacionais.
Exige-se das empresas a implementação de um Programa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (PGR). Trata-se de um programa que tem como foco prevenir acidentes de trabalho e doenças ocupacionais nas empresas.
O PGR deve conter no mínimo o Inventário de Riscos e o Plano de Ação, documentos que devem ser elaborados pelas empresas para gerenciar os riscos existentes.
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Mas… o que é um inventário?
Inventário é uma lista completa que identifica, classifica e determina o valor de cada item da lista. Pode ser um inventário de bens, um inventário de estoque etc.
Dessa definição, fica fácil perceber que um Inventário de riscos nada mais é do que o processo de levantar todos os riscos presentes no local de trabalho.
O inventário de riscos é um documento que serve para identificar e listar os riscos que existem nas atividades dos funcionários, tais como físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.
Esse documento tem caráter preventivo e permite o desenvolvimento de ações e tomadas medidas para eliminar ou minimizar os riscos.
A NR 1, no item 1.5.3.3, letra “b”, determina que a empresa elabore o inventário de riscos e, no item 1.5.7.3.2, define o que deve constar no inventário, contemplando, no mínimo, as seguintes informações:
- Caracterização dos processos e ambientes de trabalho;
- Caracterização das atividades;
- Descrição dos perigos, possíveis lesões ou agravos à saúde do trabalhador, com a identificação das fontes ou circunstâncias dos riscos gerados pelos peritos, com a indicação dos grupos de trabalhadores sujeitos aos ricos, e das medidas de prevenção implementadas;
- Dados de análise preliminar ou do monitoramento da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, bem como os resultados da avaliação ergonômica, nos termos da NR-17;
- Avaliação dos riscos, incluindo a classificação para fins de elaboração do plano de ação;
- Critérios adotados para avaliação dos riscos e tomada de decisão.
Recomenda-se que o Inventário de Riscos seja feito em formato tabela, conforme exemplo abaixo:
(Fonte – Fundacentro)
Ainda sobre o inventário de riscos, é importante lembrar que o histórico de atualizações do documento deve ser guardado por um período de, no mínimo, 20 anos.
E o que é a Matriz de Risco e para que ela é usada no PGR?
Por outro lado, a Matriz de Risco é basicamente uma ferramenta que permite a administração de riscos ocupacionais. É conhecida também como Matriz de Probabilidade, pois tem o objetivo de exibir as chances de riscos acontecerem, traçando de certa maneira uma probabilidade para cada risco.
Normalmente, é utilizada para determinar o risco de negócios, ou o risco de acidente de trabalho, entre outros.
Existem vários tipos de matrizes de risco, como a Matriz GUT que é mais genérica, e outras específicas para riscos ocupacionais como a BS 8800 e a da AIHA. Até mesmo modelos únicos podem ser desenvolvidos por um profissional capacitado de forma a atender suas necessidades de controle.
As matrizes de risco, geralmente, possuem pelo menos dois critérios para avaliar os riscos ou perigos, sendo que os termos mais comuns são probabilidade x consequência.
Recordando que uma das definições de risco é:
Risco = Probabilidade X Consequência
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O Risco é a exposição ao perigo e o Perigo é a situação de causar dano. Para melhor entendimento, vamos a algumas situações hipotéticas:
Cenário 1
Um colaborador faz o controle de estoque e precisa transitar pelo almoxarifado para verificações. Nesse local, raramente, transitam empilhadeiras nesse horário. Podemos dizer que essa situação de risco é equivalente a:
Probabilidade de um acidente – Baixa. Pouca chance de ocorrer um acidente.
Consequência – Alta. Se ocorrer é alta, pois se trata de um atropelamento.
Cenário 2
Nessa mesma empresa, a produção teve um grande aumento e agora muitas empilhadeiras transitam pelo almoxarifado e o colaborador deve acessar o local com uma frequência muito maior.
Probabilidade de um acidente – Alta. Grande chance de ocorrer acidentes.
Consequência – Alta. Continua alta, pois se trata de um atropelamento.
Analisando as duas situações, é possível entender como o nível de risco é determinado.
Como utilizar uma matriz de risco
O uso da matriz de risco serve para analisar o cruzamento entre probabilidade X consequência, e o resultado desse cruzamento será o nível de risco. Siga abaixo:
O modelo apresentado possui esquema 3X3, o que significa que possui 3 níveis para probabilidade e 3 níveis para severidade (consequência). É importante lembrar que a matriz de risco deve ter o mesmo número de níveis para os dois eixos.
Nos cenários hipotéticos apresentados, podemos verificar qual o nível de risco para cada situação apresentada.
Vale ainda detalhar a definição das variáveis que aparecem em uma matriz de risco:
-
Probabilidade
A probabilidade (eixo vertical) consiste na medição do quanto provável é a ocorrência do risco. Em outras palavras, na probabilidade, devemos avaliar o quanto fácil ou difícil é que determinado risco aconteça. Por exemplo, nos cenários que apresentamos, avaliamos o risco de atropelamento.
A probabilidade deve ser medida em níveis, por exemplo: muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto, ou ainda, baixo, médio e alto. Essas probabilidades também podem ser convertidas em números (porcentagens) para facilitar o entendimento.
-
Consequência
A consequência (eixo horizontal) se refere às consequências do risco caso ele ocorra, ou seja, quais serão os prejuízos ou danos causados caso o risco aconteça. O impacto também é medido em níveis, por exemplo: muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto ou baixo, médio e alto.
Leia também: Por que sua empresa precisa investir na gestão do risco químico? Entenda os objetivos
Qual matriz de risco deve ser aplicada?
Uma dúvida que sempre surge é em relação à qual matriz de risco deve ser adotada no PGR para se fazer o gerenciamento dos riscos. As matrizes de risco que tenham cruzamento entre probabilidade e severidade podem ser utilizadas para o PGR, da maneira adequada.
O primeiro passo para utilizar essa ferramenta consiste em criar uma matriz adaptada de acordo com o contexto da empresa. Ou seja, definir e descrever quais são os critérios que deverão classificar a probabilidade e a consequência do risco.
Por exemplo, suponha que uma empresa utilize 5 níveis de probabilidade e consequência para a avaliação de riscos. Para isso, os critérios e a descrição desses critérios já devem ter sido definidos no processo de gestão de risco
Uma matriz baseada na metodologia AIHA pode ser utilizada, assim como a matriz BS 8800. A diferença é que a matriz AIHA apresenta 5 níveis de probabilidade e 5 níveis de severidade (5×5), e a matriz da BS 8800 resume em 3 níveis (3×3).
Tabelas de excesso de risco
Não podemos deixar de mencionar que as tabelas de excesso de risco que constam na NR3 servem apenas para fins de embargos e interdição, como é de função da própria NR.
A NR1 tem como foco a prevenção e a NR3 está mais associada à “punição”, tendo como objetivo a caracterização de riscos graves e iminentes.
Sobre o uso das tabelas 3.3 e 3.4 presentes na NR3, chamadas de “tabelas de excesso de risco”, segue o que a legislação diz:.
3.5 Disposições Finais 3.5.1
A metodologia de avaliação qualitativa prevista nesta norma possui a finalidade específica de caracterização de situações de grave e iminente risco pelo Auditor-Fiscal do Trabalho, NÃO se constituindo em METODOLOGIA padronizada PARA GESTÃO DE RISCOS pelo empregador.
Nesse sentido, não restam dúvidas de quais são as matrizes de risco que devem ser adotadas para o gerenciamento dos riscos.
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Prezada Iride, boa noite. Tenho uma dúvida quanto aos dados de frequência e severidade da matriz 5×5 da AIHA, qual é a sua origem?
Prezado Edmilton,
Acredito que a referência seja a ANSI Z10. A publicação da AIHA teve uma revisão que está disponível para compra no site da ABHO e talvez possa ser do seu interesse.
Continue nos acompanhando.
O American National Standard Institute – ANSI e o
Comitê Z10 da American Industrial Hygiene Association – AIHA desenvolveram a norma de Gerenciamento de Sistemas de Segurança e Saúde Ocupacional, a
ANSI/AIHA Z10-2012 , que contém uma matriz 5X4, e não 5×5 como mostrado no artigo.
Prezado Weverton,
Na referência A Strategy for Assessing and Managing Occupational Exposures (2015) da AIHA, podemos verificar de acordo com Health Hazard Control a matriz do tipo 5×5.
Nessa publicação, dependendo dos parâmetros adotados, podemos encontrar outros tipos de matrizes de risco, dependendo do cenário encontrado.
Att,
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