Em meio à pandemia da COVID-19, o medicamento hidroxicloroquina, à base de cloroquina, ganhou muita visibilidade nos últimos dias. Por isso, neste texto, vamos conhecer melhor este medicamento e nada melhor para começar do que falar sobre a quinina.
A quinina é um alcaloide de gosto amargo que tem funções antitérmicas, antimaláricas e analgésicas. Extraída da quina, a substância é um pó branco, inodoro e é empregada para o tratamento de malária e arritmias cardíacas como fármaco. Já, na indústria de bebidas, é usada como flavorizante da água tônica.
Como se deu sua origem? Em 1820, os químicos franceses Joseph Pelletier e Joseph Caventou isolaram a quinina das cascas de Cinchona e a identificaram como sendo um alcaloide. Só muito mais tarde, a substância foi reconhecida como um alcaloide da classe dos quinolínicos.
Após todas as pesquisas, foi desenvolvido o medicamento hidroxicloroquina, aprovado para uso médico nos Estados Unidos em 1955.
Tal medicamento faz parte da Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde. Esta é uma lista dos medicamentos mais eficazes, seguros e fundamentais num sistema de saúde.
Índice
ToggleQual o emprego para o medicamento hidroxicloroquina?
Até o momento, o medicamento é utilizado para tratar:
- Afecções reumáticas e dermatológicas;
- Artrite reumatoide;
- Artrite reumatoide juvenil;
- Lúpus eritematoso sistêmico;
- Lúpus eritematoso discoide;
- Condições dermatológicas provocadas ou agravadas pela luz solar.
A hidroxicloroquina também é utilizado na prevenção e no tratamento da malária sensível à cloroquina, tais como crises agudas e tratamento supressivo de malária por Plasmodium vivax, P. ovale, P. malariae e cepas sensíveis de P. falciparum.
Quais as contraindicações para o uso deste medicamento?
É contraindicado em pacientes com retinopatias pré-existentes, pacientes com hipersensibilidade aos derivados da 4-aminoquinolona e em crianças menores de 6 anos.
Doses elevadas do medicamento hidroxicloroquina podem provocar graves efeitos a retina, uma vez que a toxicidade na retina é amplamente relacionada à dose. Assim, o risco de danos na retina é pequeno com a dose diária de até 6,5 mg/kg de peso.
A hidroxicloroquina causa hipoglicemia severa incluindo perda de consciência que pode ser um risco para a vida em pacientes tratados com e sem medicação antidiabética. Existem raros relatos, que envolvem o uso de hidroxicloroquina e o aparecimento de comportamento suicida.
O emprego deste medicamento durante a gestação também não é recomendado, já que a hidroxicloroquina atravessa a barreira placentária e existem poucos estudos sobre o impacto da substância.
Em doses terapêuticas de hidroxicloroquina em gestantes, foram relatadas alterações no sistema nervoso central tais como ototoxicidade (auditiva e toxicidade vestibular, surdez congênita), hemorragia e pigmentação anormal da retina.
Por isso, só se deve utilizar quando o médico avaliar que há benefícios potenciais que superam os riscos associados ao uso.
Quais as principais reações adversas?
O medicamento hidrocloroquina pode provocar anorexia, exacerbação do quadro de porfiria, labilidade emocional, cefaleia, distúrbios oculares como visão borrada.
Em alguns casos, pode ocorrer alterações na córnea incluindo opacificação e edema. Outros problemas englobam distúrbios gastrointestinais, como dor abdominal, náusea, diarreia, vômito, distúrbios de pele e do tecido subcutâneo como erupção cutânea e prurido.
Propriedades farmacocinéticas do medicamento hidroxicloroquina
A hidroxicloroquina é rapidamente absorvida após administração oral, com uma biodisponibilidade média de 74%.
Então, a substância é amplamente distribuída pelo organismo e tende a se acumular nas hemácias e em alguns órgãos, como os olhos, rins, fígado e pulmões, onde pode ficar armazenada por um longo período.
Depois, o medicamento é biotransformado em produtos ativos da biotransformação pelo fígado e é excretado em sua maioria pela via renal e em menor porção pela via biliar.
A excreção é lenta, sendo a meia-vida de eliminação de aproximadamente 50 dias (sangue total) ou 32 dias (plasma). Além disso, a hidroxicloroquina atravessa a barreira placentária e possivelmente passa ao leite materno, como cloroquina.
Qual a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento do vírus COVID-19?
Até este momento, não está confirmada a eficácia da hidroxicloroquina para curar as pessoas infectadas pelo COVID-19.
Há pesquisas em andamento na França, China, Estados Unidos e outros países para confirmar se o emprego da hidroxicloroquina associado ao antibiótico Azitromicina é efetivo.
Para que esses medicamentos sejam confirmados como eficazes contra o COVID-19, é necessária a realização de diversos testes e em um grande número de pacientes. Infelizmente, ainda teremos que aguardar a confirmação desses resultados para tratar de forma adequada e efetiva o COVID-19.
Também existem diversas outras pesquisas sendo realizadas pelo mundo, e não apenas com esses dois medicamentos e sim com diversos fármacos. Sem contar que já estão em andamento os estudos sobre desenvolvimento de uma vacina, que ainda irá demorar um bom tempo para estar disponível para a população.
É importante nos mantermos em casa para minimizar a disseminação do vírus, bem como ficar atento e evitar o uso de medicamentos sem comprovação pelas agências da sua eficácia. Até porque muitos pacientes necessitam desses medicamentos para tratar doenças, como pacientes com lúpus (doença crônica e autoimune), doenças reumatoides e outras.