A sílica é utilizada em vários processos ou operações de diversos segmentos industriais. Podemos citar a mineração, cerâmica e vidro, metalurgia, fundição e siderurgia, indústria química e na construção civil. Por isso, é importante entender o que é a sílica e se ela traz algum risco para os colaboradores.
De modo geral, a sílica é um componente químico que faz parte da composição de vários minérios. Ela é responsável pelo desenvolvimento de doenças crônicas muito graves e que podem levar à morte.
Os funcionários expostos à sílica de forma diária na realização de suas atividades deverão ser protegidos por ações de prevenção, devido ao risco das doenças ocupacionais graves.
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Índice
ToggleMas, afinal, o que é a sílica?
A sílica, representada pela fórmula química SiO2 (dióxido de silício), é o segundo mineral mais abundante da crosta terrestre, pois está na forma de areia, rochas e minerais.
Tal minério pode ser encontrado em formas cristalinas, tais como o quartzo, a tridimita, a cristobalita e a trípoli, ou na forma amorfa como a sílica gel ou a sílica coloidal.
Sílica cristalina x sílica amorfa
A sílica cristalina é um agregado de pequenos cristais, graças ao arranjo estrutural bem definido existente entre os átomos de oxigênio e silício. As suas formas mais comuns são quartzo, cristobalita e tridimita, sendo que o quartzo é o responsável por mais de 99% das exposições ocupacionais.
Diferentemente da sílica cristalina, a sílica amorfa possui um arranjo estrutural desorganizado e suas propriedades toxicológicas são bem distintas da cristalina. O que faz com que a exposição à sílica amorfa apresente danos menores à saúde humana.
A sílica livre cristalizada é a principal causadora da doença chamada Silicose.
A Silicose
As Pneumoconioses são definidas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como “doenças pulmonares causadas pelo acúmulo de poeira nos pulmões e reação tissular à presença dessas poeiras”.
A silicose é um tipo de pneumoconiose conhecida desde a antiguidade, causada pela inalação de poeiras contendo sílica livre cristalina. Trata-se de uma doença crônica e incurável gerada, como vimos, pela inalação de pequenas partículas de sílica cristalina.
Essas partículas atravessam todo o sistema respiratório e se depositam nos pulmões. Como o corpo humano não consegue eliminar as partículas duras e finas de sílica que alcançam os alvéolos pulmonares, elas são então enclausuradas formando uma fibrose no tecido, causando um endurecimento dos pulmões. O que dificulta a atividade respiratória.
Além disso, o pulmão lesionado pode causar uma sobrecarga no lado direito do coração que é o lado que bombeia o sangue para os pulmões. Esse esforço adicional pode causar danos permanentes ao coração e, consequentemente, o colaborador poderá vir a óbito por problemas cardíacos.
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O que é a sílica e doenças ocupacionais
O aparecimento das doenças ocupacionais associadas à sílica depende de fatores como:
- Tamanho aerodinâmico das partículas;
- Concentração presente no ar;
- Tempo de exposição.
Por se tratar de uma doença crônica, é necessária uma exposição prolongada por vários anos, para que o processo de desenvolvimento dessa doença se inicie.
Vale lembrar que as partículas que causam silicose são capazes de se depositar na região de troca de gases, quando inaladas. Isso equivale a dizer que são as partículas da fração respirável que tem potencial para causar esse dano.
A silicose predispõe o organismo a uma série de comorbidades pulmonares e extrapulmonares, como a tuberculose, o enfisema, a limitação crônica ao fluxo aéreo, as doenças autoimunes e o câncer.
Efeitos da silicose
Os sintomas decorrentes da silicose são:
- Falta de ar (dispneia) ao fazer esforço;
- Tosse crônica com expectoração;
- Sintomas associados como febre e perda de peso.
Em relação ao diagnóstico, este é baseado na história ocupacional do colaborador e da interpretação da radiografia simples de tórax. O RX de tórax caracteriza-se pela presença de pequenas opacidades nodulares, que se iniciam mais comumente nos campos superiores do pulmão e se estendem depois para os campos médios e inferiores.
Os testes de função pulmonar têm utilidade complementar no estudo epidemiológico de trabalhadores expostos às poeiras ou, individualmente, na avaliação da presença de alterações iniciais e do grau de incapacidade respiratória. Contudo, no caso da silicose, na maioria das vezes, a espirometria revela-se dentro dos limites da normalidade.
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Tratamento da silicose
Não existe um tratamento específico para a silicose, mas é muito importante afastar o colaborador da fonte de exposição à sílica para evitar o seu agravamento. O tratamento de apoio compreende medicamentos supressores da tosse, bronco dilatadores e oxigênio.
No caso de infecções respiratórias associadas, pode ser necessária a utilização de antibióticos. Outras ações para se evitar o agravamento da doença é:
- Restringir a exposição contínua à substâncias irritantes;
- Deixar de fumar;
- Realizar exames para detectar a tuberculose, uma vez que a tuberculose pode estar associada à silicose.
Veja aqui como é a ação da sílica no pulmão
O que é a sílica e medidas de controle
Depois de entender o que é a sílica e as doenças ocupacionais relacionadas, é fundamental atuar no controle dessas doenças e da exposição à inalação de ar contaminado com poeiras de sílica.
O objetivo principal deve ser minimizar ou até eliminar a contaminação do local de trabalho, com a adoção de medidas de proteção coletiva. Quando essas medidas de proteção não são viáveis, ou enquanto estão sendo implantadas ou avaliadas, as medidas de proteção individual devem ser consideradas como a adoção de proteção respiratória adequada.
Vejamos algumas delas:
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Substituição da matéria-prima por outra menos tóxica
Sempre que possível, a empresa deverá utilizar matérias-primas que não contenham sílica e, quando não for possível, deve-se escolher aquelas que possuem menores concentrações de sílica. Um exemplo é a substituição de jateamento com areia por jateamento com granalha de aço.
Lembrando que é proibido o processo de trabalho de jateamento que utilize areia seca ou úmida como abrasivo, conforme consta na Norma Regulamentadora 15 (NR-15).
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Adoção de exaustão localizada
Outra maneira de controlar a poeira é captá-la no próprio local em que ela se forma, não permitindo que seja inalada pelo colaborador e evitando sua dispersão no ambiente.
Para garantir a sua eficiência no controle da poeira, o sistema de exaustão deverá ser inspecionado periodicamente, realizando as manutenções preventivas e corretivas necessárias.
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Umidificação
A utilização de água em matérias-primas, peças, equipamentos ou operações que produzem poeira é uma das melhores formas de controle, pois impede sua formação.
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Enclausuramento total ou parcial do processo produtor de poeiras
As fontes geradoras de poeira devem, preferencialmente, ser enclausuradas, não permitindo saída de poeira para o ambiente. Um bom enclausuramento deve ser acompanhado de ventilação local exaustora.
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Isolamento
As operações ou processos que geram poeira podem ser isolados, usando-se barreiras para reduzir o número de trabalhadores expostos ao risco. O trabalhador que entrar no local isolado deverá estar adequadamente protegido com o uso do respirador.
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Mudança de processo ou operação
Devem ser adotados processos ou operações que não produzam poeira para o ambiente de trabalho, como por exemplo, a troca do enchimento manual de sacos por enchimento automático de sacos.
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Limpeza
O local de trabalho deve ser mantido sempre limpo. A empresa deve fornecer as condições necessárias para a limpeza diária por lavagem ou por aspiração da poeira nas máquinas, bancadas, pisos, peças de produção e instrumentos de trabalho.
Vassouras não devem ser utilizadas. Limpezas com ar comprimido ou escovas devem ser realizadas dentro da cabine de exaustão. Os locais de trabalho deverão ter pisos lisos e canaletas com grades para permitir escoamento da água, quando a limpeza for por lavagem.
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Manutenção geral
Deverá ser elaborado um cronograma de manutenções preventivas e corretivas em todos os equipamentos operacionais, de forma a permitir o seu uso adequado e controlar possíveis vazamentos de poeira. Os equipamentos usados no controle da poeira devem ter a mesma prioridade de manutenção para garantir a sua eficiência.
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Sinalização
Os locais onde possa ter a presença de sílica deverão ser sinalizados com placas. Todos os produtos que contêm sílica também deverão ter um rótulo de alerta.
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Monitoramento da exposição ocupacional
É fundamental que seja realizado o reconhecimento de risco das atividades e quando pertinente deverá ser realizada a avaliação da exposição ocupacional dos funcionários à sílica. Assim, as ações de prevenção podem ser adotadas de modo assertivo.
Saiba mais: Entenda os tipos de limites de exposição ocupacional
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Proteção respiratória
Com os resultados da avaliação da exposição ocupacional, será possível adotar a proteção respiratória mais adequada, enquanto as medidas de controle do ambiente estão sendo implantadas.
Em operações eventuais, como manutenção e limpeza de equipamentos geradores de poeira e sempre que haja risco não controlado à saúde do trabalhador, deverão ser observadas as diretrizes do Programa de Proteção Respiratória (PPR) da Fundacentro.
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Treinamento
A empresa deve realizar treinamentos periódicos que orientem o trabalhador a respeito de:
- Informações sobre o risco do trabalho com poeira;
- Procedimentos seguros de trabalho para menor produção de poeira no ambiente;
- Informações sobre a importância das medidas de controle coletivas e individuais;
- Uso correto das medidas de controle e equipamentos de proteção.
Quem é responsável por fiscalizar a questão da sílica?
Não basta conhecer o que é a sílica, seus riscos e medidas de controle. Também é importante saber que alguns órgãos são responsáveis por fiscalização o uso desse elemento nos processos produtivos.
O Ministério Público do Trabalho tem como atribuição fiscalizar e exigir o cumprimento da legislação trabalhista, sempre que existir interesse público, de forma a regular e mediar as relações existentes entre empregados e empregadores.
A Codemat (Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho) atua na fiscalização das empresas, que possam atuar de forma indevida, quanto à utilização da sílica nas questões relacionadas à segurança dos colaboradores.
A exposição à sílica cristalina pode resultar em condições crônicas com risco de morte e reduzir significativamente a qualidade de vida. Proteger os colaboradores da exposição não é opcional. Medidas de controle devem ser adotadas, de forma a preservar a saúde e a segurança dos colaboradores expostos a essa substância.
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Em piscina com água de sílica alto (+ou- 100mg/l) pode causar irregularidades na pele?
Prezado Afonso,
Um dos parâmetros para verificação da qualidade da água em piscinas é a alcalinidade que é o conjunto de sais minerais presentes na água e é medida em partes por milhão (ppm), e refere-se à capacidade que a piscina tem de neutralizar ácidos, mantendo um pH estável.
A alcalinidade ocorre devido à presença de carbonatos, bicarbonatos, íons hidróxidos, silicatos, boratos, fosfatos e amônia, sendo um parâmetro importante para a qualidade da água, uma vez que a água pode ter variadas composições, dependendo da localidade.
O nível ideal de alcalinidade total na piscina é entre 80 e 120 ppm.
Não há um parâmetro específico de qualidade, considerando apenas a sílica.
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existe sílica livre, mesmo que em pequenas quantidades no basalto? o pó fino da poeira de basalto causa mal a saúde?
Prezado Luiz Henrique,
Os basaltos são rochas vulcânicas abundantes no planeta e formam derrames extensos de lava em muitas regiões. Pertencem à categoria das rochas ígneas, as quais são formadas pelo resfriamento e consequente solidificação do magma, o qual é constituído principalmente por óxidos de silício, alumínio, ferro, cálcio, magnésio, sódio e potássio.
O basalto é constituído basicamente por minerais de silício, alumínio e ferro. A composição química aproximada do basalto é de 43 a 47% de SiO2, 11 a 13% de Al2O3, 10 a 12% de CaO e 8 a 10% de MgO, além de outros óxidos que estão presentes em percentagens inferiores a 5%.
É necessário determinar a presença de sílica livre cristalizada no basalto em questão, para posteriormente se verificar, através da avaliação da exposição ocupacional, se a exposição está acima do limite de exposição ocupacional preconizado pela legislação (Norma Regulamentadora 15 – disponível no site do Ministério do Trabalho).
Para maiores detalhes, estão disponíveis na internet várias informações sobre o basalto.
Att,
Bom dia, o uso de cristal de quartzo para esfoliação do rosto e boca é permitido? Não causa inalação?
Prezada Tarciana,
Verifique na embalagem do produto se o mesmo possui aprovação da ANVISA.
A exposição ao produto apenas se dará se o mesmo estiver disperso no ar.
Sugiro que entre em contato com o fornecedor do produto para maiores esclarecimentos.
Att.
Olá, tudo bem?
Essa questão vale também para a Areia Sílica utilizada como areia higiênica para gatos? Gostaria de saber pois uso esse tipo de areia para as minhas gatas.
Agradeço desde já!
Prezada Kethlyn,
Os perigos associados à sílica livre cristalina, referem-se à inalação da mesma, ou seja, é necessário que esteja dispersa no ar, e seja inalada na forma de particulado.
Nesse sentido, é preciso verificar se existe a possibilidade de dispersão desse produto no ar para que seja inalado.
É sempre oportuno verificar junto ao fabricante, se o produto apresenta riscos no seu manuseio.
Atenciosamente,
Olá, tudo bem?
Eu utilizo a sílica precipitada amorfa em pó para desidratar flores, compro diretamente de uma fábrica, sei que ela não oferece riscos à saúde como a sílica cristalina.
Uso máscara de proteção e luvas , mas percebo que mesmo manuseando com delicadeza, levanta pó.
Quais são os riscos da inalação do pó de silica amorfa, mesmo usando os EPIs ?
Por mais que o fabricante nos informe em suas fichas o risco, ainda fico na dúvida.
obrigada
Noemi, boa tarde!
A inalação de qualquer particulado pode causar irritação do trato respiratório por ação mecânica.
De qualquer forma, devemos considerar as susceptibilidades individuais e também os níveis de exposição ao produto.
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Trabalho em uma fábrica que fábrica componentes pra latas e tem algumas pessoas com doencas autoimunes pode ser por inalar essa substância?
Prezada Maria, boa tarde!
O estabelecimento do nexo causal de uma doença ocupacional é um processo complexo que envolve três elementos essenciais: o diagnóstico do agravo à saúde, doença, ou sequela com dano físico ou mental; a presença no ambiente de trabalho de riscos ocupacionais capazes de causar o agravo à saúde; o estabelecimento da relação entre o agravo apresentado e o ambiente de trabalho, isto é, o nexo causal.
Esse processo envolve a Segurança e a Medicina do Trabalho (nexo trabalhista) e o INSS (nexo previdenciário).
Será necessário analisar todos os produtos químicos manuseados, a exposição ocupacional aos agentes químicos existentes, (concentração e tempo de exposição) ou seja, identificar o risco.
Posteriormente será avaliado o tempo ocorrido entre o início da exposição ao risco e o aparecimento das queixas e da comprovação diagnóstica. Também serão analisadas todas as atividades laborais realizadas antes do ingresso na empresa e do início da doença, bem como análise das condições físicas anteriores e por fim, se for o caso, estabelecer o nexo causal que é estabelecer se existe vínculo entre o desenvolvimento de uma doença do trabalho a fatores do ambiente de trabalho.
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O jateamento através de granalha como abrasivo , contém muitos riscos a respiração?
Maurício, bom dia!
Dependendo do processo a ser adotado para esse trabalho, pode existir a exposição ao material particulado dos metais, provenientes da composição da granalha e também da peça que está sendo trabalhada.
A NBR 14750 Equipamento de proteção respiratória – Respirador de linha de ar comprimido com capuz para, para uso em operações de jateamento – Especificação, é uma referência importante nesse assunto.
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A sílica, se ingerida regularmente e acidentalmente, causa danos à saúde? Ela sera eliminada facilmente pelo rim?
Prezada Rita,
A exposição por via respiratória da sílica livre cristalina, representa vários riscos à saúde dos trabalhadores. Em relação à ingestão, no âmbito ocupacional, as ocorrências são realmente acidentais, e os danos à saúde, dependem da quantidade ingerida.
Em relação à ingestão habitual da sílica cristalina, acredito ser pouco provável.
Existem alguns estudos completos, como por exemplo a Monografia disponibilizada no site da International Agency for Research on Cancer (IARC), que poderá conter a informação que você procura.
No site da Pubmed (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov), também estão disponíveis vários estudos sobre a Sílica.
O acesso às referências indicadas é gratuito.
Att,
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