Uma das principais substâncias usadas na indústria, o chumbo pode causar sérios problemas à saúde das pessoas e ao ambiente. Por isso, é importante entender a toxicologia do chumbo para conhecer seus riscos, efeitos e como se proteger da exposição.
Neste conteúdo completo, vamos falar sobre o histórico, os aspectos, as aplicações e a toxicologia do chumbo. Veja mais!
Livro: Toxicology in a Box
Índice
ToggleHistórico do chumbo
- Na Idade do Bronze, o chumbo era utilizado com o antimônio e o arsênio.
- Depois, no Império Romano, em torno de 80 e 100 mil toneladas métricas por ano de chumbo foram requeridas para a construção de aquedutos, na manufatura de taças e vários utensílios de cozinha.
- Uma prática comum no Império Romano era a adição de óxido de chumbo ao vinho para corrigir a acidez e, até mesmo, por ser apreciado pelo caráter adocicado dado à bebida.
- A Revolução Industrial trouxe uma acentuação sem precedentes na intensidade das emissões de chumbo, tanto em massa absoluta, quanto no número e no tipo de compostos metálicos liberados para o ambiente.
- Hipócrates é tido como o primeiro médico a descrever a intoxicação por chumbo em trabalhadores de minas, em 370 a.C., evidenciando o quadro de cólica abdominal grave.
- Mais de mil anos se passaram e Avicena propôs como tratamento o uso de purgativo em quadros clínicos de cólica possivelmente causados por exposição a chumbo.
- No primeiro século d.C., Plínio, autor romano da primeira enciclopédia, relatou os efeitos tóxicos do chumbo.
- Em 1839, na França, foi descrito o livro de Tanquerel des Planches, no qual foi relatada detalhadamente a intoxicação por chumbo, baseada em cerca de 1.200 casos observados, incluindo neuropatia periférica.
- Algumas vítimas famosas com intoxicação por chumbo: Van Gogh e Portinari (tintas), Beethoven (tipografia das partituras).
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Informações de identificação do chumbo
Antes de entrar em mais detalhes sobre a toxicologia do chumbo, vale a pena conhecer melhor como funciona a substância:
- Nome químico: Chumbo
- Fórmula molecular: Pb – derivado do nome em latim Plumbum
- Massa molecular: 207,19
- Número CAS: 7439-92-1
Aspecto e forma
O chumbo é um metal cinza-azulado, sem odor, maleável, sensível ao ar. Pertence ao grupo IVB da Tabela Periódica de classificação dos elementos. Possui quatro isótopos de ocorrência natural, com as seguintes abundâncias:
204Pb (1,4%), 206Pb (24,1%), 207Pb (22,1%) e 208Pb (25,4%).
Apesar de o Chumbo ter quatro elétrons em sua camada de valência, somente dois se ionizam rapidamente. Nos compostos inorgânicos, apresenta os estados de oxidação +2 e +4, e o +2 ocorre de forma prevalente.
O chumbo pode ser utilizado na forma de metal puro, puro ou ligado a outros metais, ou como compostos químicos, principalmente na forma de óxidos.
Outros compostos de chumbo: Chumbo tetraetila, tetrametila, acetato de chumbo, carbonato de chumbo, sulfato de chumbo, sulfeto de chumbo, monóxido de chumbo, dióxido de chumbo, óxido de chumbo, outros.
Propriedades do chumbo
- Excepcional maleabilidade;
- Baixo ponto de fusão;
- Alta resistência à corrosão;
- Alta opacidade aos raios X e raios gama;
- Reação eletroquímica com o ácido sulfúrico;
- Estabilidade química no ar, solo e água.
Saiba mais: Conheça a importância dos rótulos de produtos químicos para a comunicação dos perigos dos produtos químicos
Toxicologia do chumbo: usos e aplicações da substância
Com muitas propriedades e utilidades, o chumbo passou a ser empregado em diversos segmentos. Com isso, os trabalhadores que o manipulam estão suscetíveis aos riscos de exposição e à toxicologia do chumbo. Conheça as principais áreas que utilizam a substância.
- Indústrias químicas e da construção
- Ingrediente de soldas
- Material de revestimento na indústria automotiva
- Protetor contra radiações ionizantes
- Manufatura de baterias (70%)
- Outras.
Toxicocinética do chumbo no nosso organismo
Agora que já conhecemos as áreas de uso e atuação do chumbo, vamos ver como a toxicologia do chumbo impacta o nosso organismo.
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Vias de absorção:
As principais vias de exposição são a oral, inalatória, dérmica. A ingestão é a principal via de exposição para a população em geral, sendo especialmente importante nas crianças.
Para a exposição ocupacional, a principal via de exposição é a inalatória e, em casos de exposição ao chumbo orgânico, a via dérmica é relevante, pois o chumbo orgânico é absorvido pela pele.
Leitura recomendada: Como funciona a classificação de substâncias e misturas de produtos químicos?
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Distribuição do chumbo pelo organismo:
A absorção do chumbo depende do estado físico e químico do chumbo e é influenciada pela idade, estado fisiológico e nutricional e fatores genéticos.
Em adultos, o chumbo é absorvido via oral em torno de 5% a 15% e, normalmente, é retido 5% do total absorvido. As crianças são mais sensíveis a absorção do chumbo, e podem absorver de 40% a 50% do chumbo ingerido, podendo reter até 32%.
Casos de indivíduos e principalmente crianças que apresentam baixos níveis de zinco, manganês, ferro e cálcio em suas dietas têm maior absorção do chumbo.
A absorção de chumbo pelos pulmões depende da forma (vapor x partícula), tamanho de partícula e concentração. Cerca de 90% das partículas de chumbo presentes no ar inalado são partículas pequenas e são retidas. A absorção das partículas de chumbo retidas através dos alvéolos é relativamente eficiente.
No sangue, o chumbo absorvido fica principalmente nos eritrócitos ligados à hemoglobina em torno de 99%. E, em apenas 1% do chumbo circulante, o soro sanguíneo está disponível para ser distribuído para os tecidos.
Inicialmente, o chumbo é distribuído para os tecidos moles, tais como o rim e o fígado, e depois é redistribuído para o esqueleto e cabelo.
A fração de chumbo no osso aumenta com a idade a partir de 70% da carga corporal na infância a 95% na idade adulta, com meia-vida de aproximadamente cerca de 20 anos.
O chumbo liberado dos ossos pode contribuir com até 50% do chumbo no sangue e pode ser uma fonte significativa de endógenos.
A liberação de chumbo ósseo pode ser importante em adultos com exposição acumulada e em mulheres devido à reabsorção óssea durante gravidez, lactação, menopausa e osteoporose. Inclusive, o chumbo atravessa a placenta.
Mais detalhes sobre a absorção do chumbo
- Presença no sangue (meia-vida): 36 dias (mais de 95% está ligado aos eritrócitos)
- Meia-vida nos tecidos moles: 40 dias
- Meia-vida nos ossos: 27 anos (94% da carga corpórea)
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Eliminação do Chumbo do nosso organismo:
A principal via de eliminação do chumbo absorvido é o rim – pela urina. Ocorre também a eliminação fecal via biliar, representando 1/3 da eliminação do chumbo absorvido. O chumbo também pode ser eliminado pelo suor, cabelo, unhas, saliva, leite, entre outros.
Saiba mais: Erros comuns na manipulação de produtos químicos e como evitá-los
Efeitos da toxicidade do chumbo
O chumbo pode provocar uma série de efeitos tóxicos aos seres humanos, a depender da dose e da duração da exposição.
As crianças são mais sensíveis aos efeitos tóxicos do chumbo no sistema nervoso central, enquanto os adultos apresentam desenvolvimento de neuropatia periférica e hipertensão.
Existe associação da exposição ao chumbo e distúrbios no metabolismo de carboidratos e neurotransmissores. Também há desmielinização e degeneração axonal no sistema nervoso periférico, prejudicando as funções psicomotoras e neuromusculares.
Assim, a exposição ao chumbo pode causar:
- Disfunções do sistema nervoso central e periférico;
- Elevação da pressão sanguínea;
- Cólica (dor abdominal, constipação, câimbras, náusea, vômito, anorexia, perda de peso);
- Anemia;
- Insuficiência renal;
- Gota;
- Infertilidade masculina;
- Aumento de abortos e natimortos;
- Distúrbios neurológicos na progênie (prole).
Outros tecidos alvo incluem os órgãos gastrointestinal, imunológico, esquelético, e sistemas reprodutivos.
Classificação do chumbo
Há evidências de desenvolvimento de clastogenicidade em mamíferos. Além disso, testes em humanos identificaram que os compostos de chumbo induzem a aberração cromossômica e células micronucleadas em células sanguíneas periféricas humanas.
A International Agency for Research on Cancer (IARC) classifica o chumbo e seus compostos inorgânicos como Grupo 2A – provavelmente cancerígeno para humanos.
Estudos demonstraram que o chumbo pode causar câncer aos pulmões, cérebro, estômago e rins.
A American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) classifica o chumbo e os compostos inorgânicos de chumbo como grupo A3 – carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida em seres humanos.
Estudos em animais demonstraram efeitos teratogênicos em machos e fêmeas. Foram observados a diminuição da fertilidade e a danificação do feto em desenvolvimento e testículos.
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Controle biológico da exposição ao chumbo no Brasil
Para evitar tais efeitos da toxicidade do chumbo nas pessoas, a NR-7, do Ministério do Trabalho, determina níveis máximos de exposição à substância. Logo, se a sua empresa trabalha com o composto, é preciso fazer a medição destes indicadores nos colaboradores e mantê-los abaixo do limiar.
- Chumbo em sangue: 60 μg/dL
- Ácido δ-aminolevulínico na urina (ALAU): 10 mg/g creatinina
- Zincoprotoporfirina no sangue (ZPP): 100 μg/dL
- Chumbo na urina no caso de chumbo tetraetila: 100 μg/g creatinina
Como uma consultoria em segurança química pode ajudar
Sua empresa conta com o uso do chumbo em suas instalações? Para garantir a saúde e a segurança de todos os trabalhadores envolvidos na manipulação da substância e evitar os efeitos da toxicologia do chumbo, é preciso tomar todas as medidas de controle e precaução necessárias.
Neste sentido, uma empresa especializada em segurança química pode apoiar e muito a sua organização.
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Foi de grande utilidade esse artigo.
Infelizmente o slide que será apresentado pelo meu grupo não terá como base esse artigo.Ele está tão resumido com todas as informações orientadas pelo nosso professor. Mas na minha apresentação(fala) usarei um pouco dessa pesquisa.
___________Futura Técnica em Segurança do Trabalho.
Fico feliz que tenha te ajudado, Talita! 🙂
Continue acompanhando nossos conteúdos.
Um abraço
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