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Toxicologia do mercúrio: entenda como funciona

Presente em diversos produtos em nossas casas, o mercúrio é uma substância que precisa ser manuseada com cuidado pelos trabalhadores na fabricação dos produtos. Por isso, vamos abordar como funciona a toxicologia do mercúrio e os riscos na manipulação do elemento.

Veja outros textos da nossa série sobre toxicologia dos metais pesados:

  1. Toxicologia do Cádmio: quais os cuidados que você deve ter?
  2. Arsênio: conheça os usos, aplicações e efeitos nas pessoas
  3. Chumbo: saiba tudo sobre os riscos à saúde e as aplicações da substância
  4. Cromo: o que você precisa saber?

Histórico do mercúrio 

Descoberto ainda na Grécia antiga, o mercúrio foi um dos primeiros elementos estudados e tem sido de interesse para os estudantes de química desde os dias da alquimia até a atualidade.

Na antiguidade, o mercúrio era sinônimo de magia e, então, usado pelos alquimistas. Depois, passou a ser aplicado em escrituras e desenhos rupestres.

Já no século XVI, ajudou a tratar a sífilis e, no século XIX, era utilizado para fabricação de chapéus de feltro.

Durante séculos, o mercúrio também foi empregado como um ingrediente importante para formulação de medicamentos, como por exemplo: diuréticos, antibacterianos, antisépticos, pomadas dermatológicas e laxantes. 

Formas de identificação

  • Nome químico: Mercúrio – é uma homenagem ao deus grego Mercúrio (o mensageiro dos deuses). O símbolo Hg é derivado da palavra “hydrargyrum” (grega/latinizada) que significa prata líquida.
  • Forma molecular: Hg
  • Massa atômica: 200,59
  • Número CAS: 7439-97-6

mercúrio

Aspecto e forma do mercúrio

O mercúrio é um metal prateado, inodoro e líquido à temperatura ambiente. Está entre os seis elementos da tabela periódica, que se apresentam em estados líquidos à temperatura ambiente ou a temperaturas próximas. 

Por não ser um bom condutor de calor, quando comparado com os demais metais, é utilizado como um bom condutor de eletricidade.

O mercúrio forma uma liga metálica se ligando facilmente com outros metais, como por exemplo, prata ou o ouro, o que produz as conhecidas amálgamas.

Está presente em diversas formas (Hg metálico, orgânico, inorgânico) e pode encontrar-se em três estados de oxidação (0, +1, +2), facilmente interconversíveis na natureza. 

O mercúrio metálico ou elementar, no estado de oxidação zero (Hg0) presente na forma líquida em temperatura ambiente, é muito volátil, e libera o gás monoatômico, chamado de vapor de mercúrio e classificado como perigoso.

O vapor de mercúrio é estável e pode permanecer na atmosfera durante meses ou até anos, o que se torna importante para seu ciclo, pois pode sofrer oxidação e formar os outros estados: o mercuroso, Hg+1, quando o átomo de mercúrio perde um elétron, e o mercúrico, Hg+2, quando este perde dois elétrons.

Leia também: Erros comuns na manipulação de produtos químicos e como evitá-los

Sais de mercúrio

Os sais formados por mercúrio mais importantes são:

  • Fulminato de mercúrio (Hg(CNO)2): empregado como um detonador, é corrosivo e altamente tóxico.
  • Cloreto de mercúrio (I) ou calomelano (Hg2Cl2): composto branco, pouco solúvel em água. Empregado como um purgante, anti-helmíntico e diurético;
  • Cloreto de mercúrio (II), ou sublimado corrosivo: empregado como desinfetante. Foi o primeiro medicamento que apresentou eficácia no tratamento da sífilis.
  • Sulfeto de mercúrio ou cinábrio (HgS): mineral de cor vermelho púrpura, translúcido, utilizado em instrumental científico, aparatos elétricos, ortodontia etc.
  • Timerosal (COO-Na+(C6H4)(S-Hg-C2H6)): empregado como agente bacteriostático análogo ao merthiolate.
  • Metilmercúrio: forma orgânica do mercúrio é bioacumulativo. Na década de 50, provocou acidente no Japão, que ficou conhecido como Doença de Minamata. Neste caso, peixes foram contaminados por mercúrio, proveniente de uma instalação industrial, e as pessoas da região, que consumiam esses peixes, foram intoxicadas aguda e cronicamente pelo mercúrio.
  • Mercúrio vermelho: suspeita-se que seja empregado na fabricação das chamadas bombas sujas.

Leitura recomendada: Percepção do risco químico e os acidentes químicos e nucleares

Principais aplicações do mercúrio

As principais aplicações do mercúrio no nosso dia a dia são:

  • Instrumentos de medidas (termômetros e barômetros);
  • Lâmpadas fluorescentes;
  • Catalisador em reações químicas;
  • Medicamentos;
  • Fabricação de espelhos;
  • Detonadores e explosivos;
  • Corantes;
  • Pilhas;
  • Odontologia (em desuso);
  • Fabricação de instrumentos de laboratório (termômetros, eletrodos, instrumentos de medir pressão do sangue, outros). 

Toxicologia do mercúrio: toxicocinética no nosso organismo

  • Vias de absorção

A ingestão do mercúrio elementar não apresenta potencial em provocar toxicidade, pois a absorção no trato gastrointestinal é bem limitada. Isso se deve ao mercúrio nessa conformação não reagir com as moléculas biologicamente importantes.

A inalação do vapor de mercúrio é totalmente absorvida pelos pulmões. O vapor atravessa muito facilmente as membranas celulares e atinge o Sistema Nervoso Central.

Os sais solúveis inorgânicos de mercúrio (Hg2+) têm acesso à circulação quando são ingeridos por via oral, o equivalente a cerca de 10% a 15% da dose ingerida. 

Os compostos de mercúrio orgânicos, como o metilmercúrio, são absorvidos mais completamente pelo trato gastrointestinal, pois são lipossolúveis e menos corrosivos para a mucosa intestinal. Mais de 90% dos compostos orgânicos de mercúrio são absorvidos pelos seres humanos.

  • Distribuição do mercúrio pelo organismo

O mercúrio elementar sofre oxidação no sangue e tecidos, formando o Hg2+, que se acumula no fígado e nos rins, pois o mercúrio se liga aos grupos sulfidrílicos.

Os compostos orgânicos de mercúrio atravessam facilmente a barreira hematoencefálica e a placenta, causando mais efeitos neurológicos e teratogênicos dos que os compostos inorgânicos. Os compostos orgânicos são distribuídos de forma mais homogênea nos diversos tecidos do que os inorgânicos.  

Saiba mais: Como o uso de produtos químicos impacta as questões de segurança e saúde ocupacional

  • Eliminação do mercúrio do nosso organismo

Os compostos inorgânicos do mercúrio são eliminados na urina e nas fezes, e tem uma meia-vida de cerca de 60 dias. Outras formas de eliminação do mercúrio são: unhas e cabelos, suor e saliva.

O metilmercúrio é eliminado principalmente pelas fezes na forma conjugada com a glutationa; e menos de 10% da dose é eliminada pela urina. A meia-vida do metilmercúrio no sangue varia entre 10 a 105 dias.

Toxicidade do mercúrio

Após conhecer a forma de atuação do elemento em nosso organismo, vamos ver os efeitos da toxicologia do mercúrio.

Aguda

  • Mercúrio elementar: 

Os sintomas podem aparecer várias horas após a exposição e são: fraqueza, calafrios, gosto metálico, náuseas e vômitos, diarreia, dispneia, tosse, sensação de opressão torácica. A toxicidade pulmonar pode evoluir para pneumonite intersticial com disfunção respiratória grave. 

  • Para Hg++ e Hg2++:

Rins: falência renal (albuminúria, cilindrúria e hematúria);

Gastrintestinal: sabor metálico, inflamação na língua, mucosas, lesões (ingestão);

Sistema Nervoso: mal-estar, visão obscurecida e parestesias (morte após 1 a 5 dias da ingestão).

  • Metilmercúrio:

Predominam efeitos neurotóxicos: constrição do campo visual, surdez, ataxia, tremores, coma e morte.

  • Fumos de Hg0:

Pulmonares: bronquite e pneumonite;

Neurológicos: tremores, hiper excitabilidade;

Renais: lesões acontecem ocasionalmente, se o metal chegar até os rins.

Crônica

  • Neurotoxicidade (todos os compostos) 
  • Psicose Tóxica: alterações comportamentais e da personalidade; Parkinsonismo mercurial
  • Alterações cardiovasculares: insuficiência coronária, hipertrofia ventricular, hipertensão.
  • Alterações renais (síndrome nefrótica, proteinúria).
  • Danos cromossômicos (metilmercúrio).
  • Tríade hiperexcitabilidade, tremores, gengivite são característicos de intoxicação crônica pelo Hg0.

A exposição crônica aos vapores de mercúrio provoca graves efeitos neurológicos. O quadro clínico resultante é conhecido como síndrome vegetativa astênica e consiste em sintomas neurastênicos, além de três ou mais das seguintes anormalidades: bócio, aumento da captação de iodo radioativo pela tireoide, taquicardia, instabilidade do pulso, gengivite, dermatografismo e aumento do nível de mercúrio na urina. 

Em caso de continuação da exposição ao vapor de mercúrio, os tremores tornam-se perceptíveis, assim como as alterações psicológicas, como depressão, irritabilidade, timidez excessiva, insônia, labilidade emocional, perda da memória, confusão, impaciência e distúrbios vasomotores. 

Leitura recomendada: Como funciona a classificação de substâncias e misturas de produtos químicos?

Controle ocupacional e biológico do mercúrio

Para evitar os efeitos da exposição à substância, é importante efetuar o controle ocupacional em relação à toxicologia do mercúrio. Veja os índices limites:

  • Monitorização ambiental:

TLV-TWA (ACGIH):

Mercúrio e compostos alquil, Hg TWA: 0,01 mg/m³ / STEL:0,03 mg/m³   

Mercúrio, todas as formas – exceto alquil, Hg

Aril compostos TWA: 0,1 mg/m³

Elementar e formas inorgânicas TWA:0,025 mg/m³.

NR-15

LT – Mercúrio (todas as formas exceto orgânicas): 0,04 mg/m³.

  • Monitorização biológica:

ACGIH – BEI:

Mercúrio elementar na urina: 20 μg/g creatinina.

NR-07:

Mercúrio em urina: IBMP = 35 μg/ g creatinina.

Tratamento para a toxicologia do mercúrio

  • Exposição ao vapor de mercúrio: interrupção imediata da exposição e monitorização rigorosa da função pulmonar. Às vezes, pode ser necessário suporte respiratório, além da administração de um quelante, como dimercaprol e penicilamina. 
  • Mercúrio inorgânico: pela exposição oral, deve-se ter cuidado ao equilíbrio hidroeletrolítico e ao estado hematológico. Pode ser administrado carvão ativado.
  • Administração dos agentes quelantes: dimercaprol é indicado para exposição grave e paciente sintomático. Já a penicilamina é indicada para exposição leve ou paciente assintomático, sendo recomendada para tratar as intoxicações por mercúrio elementar ou inorgânico.
  • Para o metilmercúrio, a remoção do organismo é mais complicada e delicada, podendo ser administrada a resina de politiol, que parece ser mais eficaz. 

Como melhorar o manuseio  do mercúrio na sua empresa?

Como vimos, o mercúrio está presente em muitas empresas e indústrias e é preciso tomar medidas e cuidados para proteger os funcionários dos riscos na produção, transporte ou armazenamento.

Para isso, uma consultoria especializada em segurança química pode ajudar e muito a sua organização. 

A Chemical Risk possui uma equipe altamente capacitada em segurança química e conta com todos os serviços que a sua empresa precisa para evitar a exposição acima do limite dos funcionários aos efeitos da toxicologia do mercúrio, promovendo a saúde e o bem-estar de todos.

Temos inúmeros serviços para ajudar a sua empresa na manipulação do mercúrio, como:

  • Elaboração de FISPQ de produtos relacionados ao mercúrio;
  • Elaboração da Ficha de Resíduos dos produtos químicos;
  • Treinamentos in company sobre o manuseio, armazenamento, transporte e descarte correto dos produtos químicos;
  • Toda a gestão de segurança química dos produtos contendo mercúrio.

Ficou interessado? Entre em contato conosco e solicite um orçamento gratuito!

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